As luzes piscavam e faziam meus olhos brilhar. Meus movimentos não tão calculados se arrastavam por todos os cantos, deslizava meu corpo por onde quer que eu fosse, sentia a vibração das batidas, do som, todos a minha volta no mesmo ritmo frenético e sem sincronia, cada um por si.
Minha mente estava tão longe, meus olhos fechados, minhas mãos elevadas, meu corpo suando. Meu cabelo voava com o vento que meu próprio corpo produzia, naquele movimento intenso e sem comparação. Meu coração batia rapidamente, meu sangue percorria seu caminho na maior velocidade possível, me trazendo energia para continuar minha dança. Meus pés não paravam, não se cansavam, meus dedos já formigavam enquanto eu colocava as mãos cada vez mais ao alto. Sentia-me cada vez mais energizada, colei meu corpo em vários locais, senti sensações que jamais vou conseguir descrever. Meu Deus, aquelas luzes brilhavam em meus olhos agora abertos. Ora verdes, ora roxas... Ora brilhando em todo o lugar. Todos me olhavam e eu conseguia olhar a todos, lábios, toques, risos, palavras, sussurros, falas sem nexo, tudo me fazia voar.
Delirei por tantos instantes que não conseguia me desligar, continuaria nessa viagem pelo resto da vida, largamos nossas mãos próximas à coxa enquanto nossos olhos observavam uns aos outros, nossas mentes se conectavam em um impulso elétrico que a própria vida produzia. Emanando pelos poros nossas intenções, nossos desejos ocultos, conseguíamos fixar na mente um do outro nossas vontades, uma forte tentação de jamais parar.
E a batida lá no alto continuava e ficava mais forte, nossos corpos continuavam dessincronizados, ritmando cada vez mais no pulsar do som ambiente.
Você era único, jamais deixaria você partir.
Eu era única e jamais iria partir.
A minha maior viagem, meu maior delírio, minha alucinação gostosa.
Partiríamos juntos, para qualquer lugar... Continuando os movimentos dos corpos, insensatos nessa sensação louca!
Meu Deus! O que é isso? Quero falar a verdade... Quero gritar que TE AMO! Quero sonhar, quero abraçar, quero agarrar o corpo e sentir cada centímetro que ainda não conheço...
O ritmo acaba... o Ritmo recomeça...
O sono não chega, o cabelo bagunça... As luzes apagam, as luzes acendem, elas piscam!
O som vai mudando, tudo girando, a cabeça doendo....
Nossos olhares se distraem com tanta facilidade, nossas pernas perdem as forças, nossos sonhos vão para bem longe, uma viagem praticamente imoral. Perdi meu pudor, perdi minha dignidade, perdi minha vergonha, perdi minha sanidade.
Sou louca! Louca por movimentos, por sensações, pelo suor de nossos corpos....
Quero dançar...
Estou girando com você! Estou girando!
Vamos girar até morrer, vamos girando...
Meu corpo não pára, meu corpo não quer parar... Minha mente é que pára!
No ritmo frenético...
Na batida do som...
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