Um sonho:

A criatura se move rápido, deslizando entre as fogueiras e os totens destruídos. Suas garras crescem e se enrolam no próprio corpo, numa espécie de dança macabra. Não há olhos, nem pelos. Ela é deformada, e enquanto se mexe, grita com uma voz rouca, que ecoa pelo resto da floresta. De repente ela para e ajoelha-se na frente de uma menina. Suas orelhas se abanam e ela põe-se a admira-la, contorcendo os lábios e mostrando a língua. “Quanto tempo! – diz o monstro, virando-se para um outro lugar – Há muito eu esperava por este pagamento. Agora que o grande dia chegou, vou devorar esta linda criança e finalmente minha dívida estará quitada. Aproveitem o espetáculo, por que não serei breve”. Então a criatura enrola a criança com as suas unhas e começa a parti-la em pedacinhos. A garota é despedaçada aos poucos, e o monstro ainda toma o cuidado de mantê-la viva, acentuando a sua dor. Com os olhinhos ainda abertos e as vísceras à mostra, ela finalmente vai se entregando, deixando sua vida esvair-se letargicamente através das presas afiadas daquela criatura diabólica. Antes de partir ela ouve a voz da floresta a chamando, e sente a presença de uma força superior, que vem do passado apenas para fazê-la dormir em paz.

Vem aí...

As Cruzes

Não há retorno, nem compaixão.