“... Porque precisamos fugir de nós mesmos...“
Ela caminhava pela estrada sem pensar em nada. Atrás vinha um pouco de sua vida dentro de uma mochila velha. Ao lado apenas um mato baixo e seco e uma estrada mal feita e reta.
Um passo na frente do outro e nada mais.
Alguns poucos carros passavam por ali e alguns ousavam olhá-la com o semblante realizado e leve, mas não paravam sem um pedido de carona.
E ela continuava com as mãos nas alças da mochila sem graça olhando ora o horizonte vermelho-laranja, ora os próprios pés no tênis marrom-preto.
Um trailer do lado direito da estrada anunciava o horário do jantar que se aproximava e lá no alto céu as estrelas já cintilavam um brilho bonito.
- Olá!
Dizia para as pessoas do trailer sem parar a caminhada.
O manto escuro da noite descia com maestria e agora a única luz possível era a lua minguante que andava lado a lado com a garota.
E naquele peito explodia uma alegria sem fim. Não havia nada igual.
Parou por um instante, puxou a mochila para frente, pegou a garrafa d'água e bebeu deliciosamente. Esticou as pernas virando-se de frente para o lado esquerdo da estrada e ela própria. Olhou os dois pontos dela e não via nenhum sinal de vida senão a natureza daquele lugar e no fundo, ainda poderia ouvir os grilos e sua cantoria.
Alongou o corpo por alguns minutos, colocou-se no meio da rua e continuou na mesma direção.
E no fundo, talvez nem ela mesma sabia onde estava indo, mas o importante da história é que estava indo.
Não queria carona.
Não queria conversas.
Apenas contemplar o horizonte que sempre parecia se aproximar...
E sempre parecia se distanciar.
Levantava a cabeça, falava com todas aquelas estrelas desenhando o céu negro que com a luz da lua - a única de todo aquele deserto - ficara azul marinho.
Abaixava e via a terra vermelha opaca no escuro e sentia a poeira levantar devagar com o vento fraco e frio que arrepiava-lhe com leveza.
Mas nada a preocupava.
E então continuava.
Livre de alguma coisa que a essa altura não compensaria lembrar...
Livre do próprio eu que ficara guardado em algum lugar.
Apenas ela, céu...
E além de todo o deserto, muito á frente do horizonte escuro...
O mar.
6 comentários:
Daia, o deserto, a lua, as estrelas, o mar.
Esses elementos me fascinam e me fascinaram também nesse seu texto.
Poderia desmembrá-los e expor o que cada um tráz subentendido...
Mas não vou fazê-lo, pois tenho certeza que mesmo que vc o tenha escrito com a sua carga emocional, eles vão assumir outras facetas dependendo do leitor.
E é por abranger, universalizar seu próprio mundo de sonhos, paixões e buscas... que vc eh tão phoda.
=*
Daia vai mudando de pele... Daqui a pouco sai do casulo, e depois vôa.
=D
lembrei de você dizendo que adora ver o céu se encontrar com o mar...só falta você encontra-los.
Campina, esse sitio, não tem mar ¬¬
então acho que vou andando com você *faz a trouxinha e sai caminhando, cantando e seguindo a canção*
o.k, veja a hora e desconsidere o comentário xD
é ^^
Desconsidere o comentário dela.
Oo
Eu tava cantando essa musica q ela cantou antes d dormir...
Credo!
(8) Caminhando e cantando, seguindo a canção... (8)
Nem era tão ruim assim, achei que tinha escrito coisa pior u.u
Isso é simbiose Daia! o_o
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