Benção
O dia estava realmente diferente e Daniel podia sentir isso claramente enquanto voltava para casa, depois da escola, naquela manhã de segunda-feira. Se um forasteiro chegasse a Abre-Campos naquele meio-dia e se deparasse com aquele céu cinzento, certamente diria se tratar de uma tempestade que não tardaria a cair, mas o garoto, cortando caminho por uma cerca a caminho do rancho onde morava com a sua família, sabia que não era uma tempestade.
Assim que acordou naquela manhã preguiçosa de segunda-feira e pôs os pés fora de casa, vendo o céu pintado daquela forma vazia e homogênea, pressentiu que aquele era um dia diferente de qualquer outro que tivera em seus treze anos.
Atravessou a cerca, como já de costume, e se dirigiu para o descampado onde algumas vacas eram tangidas por um homem corpulento, que o cumprimentou brevemente. O garoto entrou por uma estradinha de pedras batidas no barro, formando um rústico ladrilhado, e avistou a sacada de sua confortável casa, cercada por verde e por um riacho límpido, correndo por trás do pomar no quintal da residência.
Entrou rapidamente, jogando a mochila sobre um sofá. Seguiu por um largo corredor decorado com fotos da família e avistou a mesa colonial da cozinha. Sentado em uma das cadeiras laterais, um senhor aparentando uns 70 anos, como um bigode totalmente branco, trajando roupas formais e cabelo à escovinha olhou para Daniel e este achou que aquele idoso fosse algum vendedor, ou cobrador. O homem lhe sorriu enquanto o garoto entrava na cozinha; um sorriso extremamente amarelado, a pele do rosto mais “amarrotada” do que antes. Daniel teve a sensação de que deveria achar algo de simpático ou de familiar naquele sorriso, mas definitivamente não achou.
Seu pai estava sentado na cadeira de frente ao senhor, com uma taça do que parecia ser vinho, provavelmente da safra especial que ele só abria em determinadas ocasiões.
“Cobrador, na certa”, pensou Daniel.
Sua mãe estava temperando um frango numa travessa e esboçou um sorriso radiante quando viu Daniel e mexendo furtivamente na fruteira, estava a irmã mais nova do garoto, que completara um ano recentemente. A mãe largou o frango e fitou o filho, mantendo o sorriso no rosto, fato que intrigou um pouco o garoto; ela normalmente ficava séria quando estava cozinhando.
— Meu filho, onde estão seus modos?
— Hã? – Daniel olhou para as mãos e em seguida para as suas roupas para averiguar se as sujara no trajeto de volta para casa.
A mulher ficou um pouco rubra com a reação do filho.
— Daniel!
— Mãe, eu to com fome...
— Peça a benção ao seu avô!
— O quê?
O garoto olhou fundo nos olhos claros da mãe, procurando ali qualquer indício de brincadeira.
— Que avô?
Desta vez a mulher ficou rubra por completo. Dirigiu seu olhar à mesa e falou:
— Desculpe papai – nesse momento, Daniel sentiu como se alguém apertasse o seu estômago, fazendo-o esquecer a fome. – É a idade, só pode ser. Normalmente ele não é assim.
Ela avançou para o filho, enquanto limpava as mãos num pano muito alvo.
— Quer parar de bancar o engraçadinho? – falou em seu ouvido. – Agora vá já falar com seu avô!
— Obedeça a sua mãe, Daniel – bradou o pai, com a voz encharcada de vinho.
Daniel olhou para o velho e este parecia não ter tirado seus olhos turvos do garoto desde que este entrara naquela cozinha. O garoto podia ver um certo ar de interesse naqueles olhos, algo que lhe incomodava, que fazia um alarme em seu cérebro soar. Um sinal que normalmente indicava perigo.
Voltou-se para a sua mãe e falou, com um cuidado na voz de alguém que comunica a outro sobre um trágico acidente com um ente querido.
— Mãe... O vovô morreu quando eu tinha quatro anos.
O tapa estalou na bochecha direita de Daniel e Vivi abrira o berreiro ao derrubar meia dúzia de laranjas sobre si. A mulher correu para a filha. O pai levantou-se meio bobamente e ordenou:
— Vá para o seu quarto agora!
Daniel, afagando a bochecha que queimava, deu as costas e saiu dali com os olhos cheios de lágrimas. Voltou pelo corredor e escutou os pais se desculpando com o senhor. Daniel tinha certeza de que ele continuava lhe observando até fazer a curva no corredor a caminho de seu quarto. A cabeça trabalhando a mil, sem conseguir entender nada daquela situação.
De uma coisa ele sabia, ou achava que sabia: seu avô materno havia morrido há anos. Mas então – e um calafrio lhe percorreu a espinha, igual aos que sentia quando escutava histórias de terror contadas por seu pai – quem era aquele velho? O que ele queria? E como conseguira enganar sua família daquela forma?
***
Duas horas haviam se passado e seus pais simplesmente não o chamaram e nem lhe trouxeram nada para comer. Ele já havia feito coisas que tinham deixado os pais realmente irritados – como quando deixara Vivi sozinha no carrinho, quando foram fazer compras de roupas numa cidade vizinha a Abre-Campos – mas nunca lhe deixaram tanto tempo sem comer.
— Ele os hipnotizou.
Ao mesmo tempo em que parecia estúpida e irreal, a idéia também lhe soava como algo totalmente possível para aquele velho.
Alguém bateu na porta do quarto. O garoto enterrou a cara no travesseiro e deu ordem para entrar. Poderia fazer birra, mas estava faminto e acima de tudo confuso. Sentia nove anos de sua curta vida escapando-lhe da cabeça como a água de uma descarga. A mulher entrou no quarto.
— Dan?
— Oi – falou rispidamente.
A mão dela o pegou no ombro e o virou de bruços delicadamente.
— Desculpe-me por ter batido em seu rosto...
— Deveria pedir desculpas por ter mentido pra mim.
Ela travou e ele encarou isso como um sinal de desarmamento.
— Por que disseram todo esse tempo que o vovô tinha morrido?
Após uma pausa, ela falou o mais calmamente que pôde:
— Meu filho, não insista com essa história, por favor! O papai está ótimo de saúde. Veio nos visitar e você age assim? Eu estou decepcionada...
Ele a encarava sentindo as últimas gotas de “água” da descarga descerem de vez pelo cano. Abriu a boca, mas desistiu de retrucar.
— Eu vim buscá-lo para almoçarmos todos juntos e para que você peça desculpas ao seu avô. Ele está muito preocupado com você.
Daniel agora tinha certeza: alguém estava ficando louco naquela casa e, a julgar pelo número de pessoas que acreditavam que aquele homem na cozinha era seu avô, começava achar que era ele o desafortunado. O estômago roncou e ele não maus insistiu com a sua mãe, ao menos não naquele momento. O que ele precisava era de uma prova de que tinha razão. Fotografias antigas de nada valeriam e era só o que tinha. Mas então o quê?
O cheiro do frango assado encheu a boca de Daniel de água. Eles estavam agora todos sentados à enorme mesa colonial servida de quase todas as comidas “especiais” que sua mãe sabia fazer. O homem idoso estava sentado à ponta da mesa, os pais de Daniel um a cada lado dele, Vivi na cadeira de bebês ao lado da mãe e Daniel acomodou-se ao lado do pai que, incrivelmente, parecia mais sóbrio ao lhe lançar um daqueles olhares severos ordenando-lhe algo. O garoto entendeu o recado.
Olhou para o senhor sentado à ponta e este já lhe olhava daquela forma apática e ao mesmo tempo curiosa, lembrando a Daniel o olhar de um peixe-boi.
— Desculpe-me – começou ele, num tom de voz baixo e desviando o olhar da cara do outro. – Perdão por dizer aquilo... – hesitou um pouco antes de continuar, voltando a falar só depois que o seu pai tossiu de leve. – Sua benção... vovô?
Na ponta da mesa, o velho esboçou um sorriso amarelado que a todos poderia parecer caloroso e paternal, mas Daniel nesse momento teve certeza: era maligno.
— Deus lhe abençoe, meu neto – a voz sepulcral encheu o cômodo e Daniel teve a impressão de ver o suco de laranja em sua taça tremer um pouco.
— Bom – começou alegremente a mãe – agora vamos comer.
Daniel sentiu-se um pouco feliz àquela menção.
— Espero ter acertado no tempero, o senhor adora esse frango, né papai?
O homem lhe sorriu enquanto devorava uma coxa animalescamente, engordurando o bigode outrora tão branco. Daniel percebia tudo isso.
O garoto acabou comendo bem menos do que seu apetite inicial exigira. Seus pensamentos trabalhavam sem parar; por vezes esteve a ponto de aceitar a idéia de que inventara toda aquela história de falecimento, mas então outra voz em sua cabeça surgia e gritava o contrário e pior: dizia que aquele velho, além de um impostor, era perigoso. Dessa forma, boa parte de seu apetite fora embora.
— Posso segurá-la um pouco – pediu o avô, olhando para Vivi, que passara da sua cadeirinha para o colo da mãe, que lhe dava algo para comer.
A Voz na cabeça de Daniel esteve a ponto de gritar para que a mãe não entregasse o bebê.
Ela passou a menina para os braços do outro.
— Veja – disse o velho num tom que, pensou Daniel, era para ser meigo, mas soou mais como uma ofensa. – É a cara do pai – e este sorriu com a menção.
— Imagina – disse ele. – Ela tem os olhos da mãe, que são os do senhor também.
Daniel achou pouco provável que um dia aqueles olhos cinzentos de lobo velho tivessem sido azuis como os de sua mãe.
— E essas coxas – falou o ancião, pegando um garfo e espetando um pedaço de tomate. – Eu as comeria no jantar de hoje – os pais riram, Daniel soltou um gritinho inaudível de pavor.
A menina começou a chorar e a espernear no colo do avô. Daniel achou que talvez ela houvesse notado, mesmo em sua inocência, o que aquele homem era na verdade.
— Ó o aviãozinho – falou dirigindo o garfo com o pedaço de tomate espetado, mirando mais o olho da criança que a sua boca.
Ela chacoalhou o bracinho e derrubou o garfo.
— Oh – falou o senhor num tom de falso pesar. – Derrubou meu aviãozinho...
Daniel levantou-se afobado, quase virando a pesada cadeira de costas. Correu de volta para o seu quarto. Enfim achara a prova de que precisava. Só não compreendia como não havia pensado nela antes. Entrou no quarto e dirigiu-se ao seu guarda-roupa. Abaixou-se e puxou a última gaveta. Há pouco tempo decidira abandonar os brinquedos, doando-os, a pedido do pai, a alguns garotos das redondezas. Contudo, aquele guardado ali ele não podia se desfazer de jeito algum.
Puxou de dentro o avião azul e branco com uma pequena hélice na ponta, muito parecido com um “zero sem japon”, usado para atacar Peal Harbor. Fora presente de sua falecida avó no dia do velório de seu marido, o homem que estava nesse instante em sua casa.
Daniel tinha apenas quatro anos quando o ganhara, mas a cena ainda estava viva, como poucas de sua infância recente. Ele lembrava bem de passar por uma sala segurando a mão de sua mãe, de ver as pessoas de preto em redor do caixão, lembrava da curiosidade boba e mórbida de ver o rosto do velho por trás do vidro e recordava-se mais ainda de entrar na cozinha e encontrar a sua avó, com os olhos injetados, sentada numa cadeira isolada da mesa, numa escuridão quase que artificial. Ela lhe sorriu e lhe deu o presente.
O último.
O avião em suas mãos não só o livrava de todas as dúvidas quanto a sua sanidade, como também – ele tinha uma certeza cega disso – faria com que os olhos dos pais se abrissem. O que viria depois disso, ele não queria pensar agora.
Entrou na sala de jantar e encontrou todos sorrindo bobamente, com exceção de Vivi, que estava largada e emburrada em sua cadeirinha. Aproximou-se com passos firmes e segurando o aviãozinho nos braços. Notou que o velho já o tinha visto antes mesmo do casal.
— Mamãe, papai!
Os dois se viraram para o filho.
— Vejam – levantou o brinquedo quase como se fosse um troféu. – Vocês se lembram quem me deu e quando eu ganhei esse avião?
O casal agora parecia petrificado. Daniel viu o início da compreensão faiscando em seus olhos.
— Ora, fui eu – o velho levantara-se e se dirigia com passos anormalmente hábeis para Daniel. O casal, de súbito, pareceu sair do transe.
— Ah, Dan – a mãe agora parecia emocionada – você ainda se lembra desse presente do seu avô?
Daniel engasgou. Sentiu um fervor subi-lhe pela face.
— Eu mesmo só lembrei quando vi o aviãozinho – o homem falou com aquela voz sem emoção real e esticou o braço, como uma garra, para o brinquedo, enquanto abria mais um daqueles terríveis sorrisos mecânicos e amarelos.
— Não – berrou Daniel e o silêncio reinou no cômodo em seguida. – Ele foi presente da vovó no dia do velório do meu verdadeiro avô – começara a tremer. – Vocês não conseguem ver que esse homem é uma farsa?
Por um momento o garoto achou que os pais haviam compreendido toda a situação.
— Já chega – gritou o pai. – Já para o quintal e só entre quando eu chamar!
Era o fim. Aquele era o castigo máximo: ficar no pomar. Da última, e até agora única vez, que recebera essa punição – quando deixara a irmã sozinha – ele passara uma tarde inteira sentado embaixo de um abacateiro.
Levando consigo seu avião, Daniel passou pelos pais que agora também já não os reconhecia. Tinha vontade de chorar alto, mas não o fez para não dar o braço a torcer na presença daquele que dizia ser seu avô. E este continuava a sorrir como se não soubesse fazer outra coisa.
Lá fora a tarde chegava ao seu fim, estranha como o dia fora. O céu cinzento, com aquelas nuvens que mais pareciam nuvens de poluição, convertia-se num negro pesado e assustador. Daniel começava a sentir aquela noite estranha sendo expirada pelo seu nariz.
Encostado no caule de um abacateiro ele olhava para a sua casa e para alguns telhados de casas vizinhas, entrecortando o firmamento negro com suas formas pontudas. Era o céu mais escuro que Daniel já vira em seus quase 14 anos.
O avião girava sua pequena hélice na ponta.
***
Não soube quantas horas se passaram, mas a sua raiva se convertera em total preocupação quando as luzes de sua casa começaram a se apagar, assim como as mais distantes nas casas vizinhas. A escuridão do céu agora parecia ter descido mais sobre Abre-Campos. Levantou-se do chão e espanou a terra adubada da bunda. Olhou para sua casa e percebeu que, naquele instante, apenas uma luz brilhava em seu interior. A idéia de estar num terrível e duradouro pesadelo lhe veio com ainda mais força e desejo à cabeça. À sua volta o silêncio era tão artificial que chegava a lhe dar vontade de gritar.
À direita, a uns vinte metros de distância, no telhado da casa vizinha, alguma coisa se moveu sorrateiramente. Em seguida pulou para o cercado e adentrou ao pomar da casa do garoto, provocando um suave barulho de farfalhar de folhas.
Daniel arregalou os olhos e sentiu as palmas das mãos suarem frias. Em alguns telhados mais distantes ele pôde ver mias daquelas coisas fazendo o mesmo movimento, enquanto outras vinham por terra, provocando sons abafados.
Fossem o que fossem, Daniel não queria mais ver. Correu para casa, decidido, talvez tardiamente, a acabar com o seu injusto castigo. A área de serviços estava na total penumbra, mas a porta da cozinha estava aberta e no final do corredor Daniel viu a única luz acesa, a da sala. Correu para lá.
A princípio pensou em voltar pelo mesmo corredor, quando chegou à sala e encontrou o velho confortavelmente sentado na poltrona próxima ao sofá onde estava sua mochila (sua mãe nunca a deixava ali por muito tempo). Ele não parecia estar dormindo, mas ao mesmo tempo era como se não estivesse de todo desperto. A cabeça meio abaixada passava a idéia de um cochilo.
Daniel avistou o outro corredor, à direita da poltrona, e que dava para o quarto dos seus pais. O silêncio o incomodava; não havia vozes, nem roncos, apenas um silêncio desesperador. Viu que a porta do quarto dos pais estava semi-aberta. Foi caminhando lentamente até passar pelo ancião que agora mais se assemelhava ainda mais a um cadáver que fora retirado de seu caixão e posto ali sentado em sua roupa formal.
O garoto chegou à porta e a abriu de vez, procurando em seguida o interruptor da lâmpada do quarto.
A mão fria e macilenta agarrou o seu pescoço por trás e puxou a pele como uma gata faz com sua cria. A luz foi acesa pela mão livre do velho e Daniel pôde ver a cena do quarto: seus pais pareciam dormir abraçados, com Vivi entre eles, na cama de casal.
O homem apertava com mais força a pele do pescoço de Daniel, causando-lhe falta de ar – uma tosca forma de asfixia.
— Eles não estão mortos – falou o velho, como que adivinhando os pensamentos de Daniel. – Espero que não me acerte com isso.
Daniel planejara acertá-lo com o avião de brinquedo que até então não largara por nada.
— Vou soltá-lo e nós vamos conversar.
Assim o fez.
— Se você os machucou – começou Daniel, virando rapidamente para o “avô” – eu...
— Estão vivos. Por hora. – acrescentou, mostrando os dentes amarelos num sorriso de gelar o sangue.
Só agora, frente a frente com aquele ser, Daniel percebia o quanto cada ruga daquele homem era tão forçadamente humana, que beirava à imagem de uma caricatura viva e terrível.
— Venha – falou em tom imperativo e o garoto hesitou. – Você nos viu lá fora, não viu?
Daniel apenas arregalou os olhos.
— Se não me acompanhar, seus pais e sua irmãzinha também vão vê-los.
Daniel paralisou.
— Acredite, não somos disso, mas você complicou tudo. Custava acreditar, garoto? – encarou Daniel com seus olhos cinzentos.
Agarrou-o pelo braço com uma força que não poderia jamais vir de um velho de 70 anos. Daniel não conseguia ter outra reação que não fosse se deixar ser puxado por aquela “criatura” rumo à sala.
— Não vou lhe obrigar. Também não vou evitar o que vai acontecer a eles – apontou para o quarto – se sua resposta for não.
Uma pausa e o silêncio mórbido reinou de novo.
— Vai vir conosco?
Daniel olhou para a porta aberta do quarto e viu os seus pais e sua irmã na cama, alheios a tudo.
— Sim – dessa vez não houve hesitação.
— Coloquei roupas em sua mochila – falou num tom que era para parecer casual. – Eles irão achar que você fugiu, ou talvez nem se lembrem de você, quem sabe... – riu de algo que estava além da compreensão horrorizada de Daniel.
— Onde... – as palavras entalaram em sua garganta por um momento. – Para onde vamos?
O velho o olhou e falou:
— Apenas venha.
Daniel, com sua mochila às costas e seu avião apertado no peito, acompanhou o velho pelos cômodos escuros até o quintal. Ainda dera uma última olhada para o quarto dos pais, vendo apenas o pé de um deles, pendendo sinistramente da cama.
Chegaram ao quintal e algumas árvores pareceram balançar, mesmo sem vento aparente. Daniel olhou para o velho e a única coisa que conseguia diferenciar da noite era o terrível sorriso amarelo. Foram caminhando e coisas disformes e velozes pulavam em redor deles e por cima, em meio às arvores do pomar. Daniel parou um momento e depositou o aviãozinho aos pés do abacateiro. Em seguida perguntou, sem olhar para o outro:
— Quem é você?
Uma rufada de vento passou pelo pomar se dirigindo ao riacho mais abaixo. O vento gélido balançou galhos e se misturou a outros sons.
— Nós somos... – o vento se misturou a estas palavras.
Daniel escutou e não esboçou mais nenhuma reação. Continuou caminhando com o outro pomar adentro até serem totalmente engolidos pela escuridão.
E embaixo do abacateiro, a pequena hélice girava na direção contrária ao vento.
N.A.: Agora vejo que de forma alguma esse foi um causo isolado na minha imaginação.
9 comentários:
Meodeosdocéu!
Esse conto consegue prender a atenção d vdd!
Como jah disse, vc amadureceu a forma d escrita... e ta conseguindo envolver mais com o suspense doq com o terror.
A descrição da cena, doq acontece nela... envolve mto e eh ótimo.
De inicio parecia algo mto calmo... a musica dava essa sensação tbm...
Depois ficou sinistro e sufocante...
E o fato de existir criaturas pulando d um canto pro outro me lembrou um episódio d Tsubasa...
\o/
Bjãoo e continue escrevendo assim...
to adorando msm! *-*
Valeu Daia. Olga também me falou que tava meio Clamp!
XD
Uia, tá muito bom hein!mas eu, Paola, que deveria ter sido a personagem principal!
AHUAHAUAHAUAHAU!
O velho seria fichinha perto da Paola... Ela que ia acabar sequestrando o coitado.
XD
Ótima narrativa, prende o leitor até o final. Adorei mesmo!!! ele não é tão longo assim. Eu me lembrei de uma série q passava na tv aberta se eu não me engano o nome era "A hora do terror".
Que bom que c curtiu, Ewerton!
Aguardo ler alguma coisa sua tbm. Flw!
Pqp Alisson, vai te fuder mermão!!!
Eu to lendo um livro aqui que vendeu milhões, e o cara não escreve metade do que tu escreve.
Me ensina? *-*
Véi, vo fazer uma 'macumba da Gaivota' pra tu ser expulso das duas faculs, e ficar de férias o resto do ano, só pra continuar escrevendo coisas fuderosas como essa.
*ligando pra Mãe Isteh*
LoL
Meu, o velho me lembrou aquele Diabo que o Ojuára deu uma dedada no rabo. AUHEIUAEH!
Quanto ao resto, tu sabe o quanto eu gosto desse clima de mangá-do-sertão que tu emprega nas tuas histórias. Inclusive, nesse ponto, essa foi a melhor de todas as que li.
Uma vez u te disse o quanto invejava teu vocabulário. Pois agora, mais do que nunca, eu te odeio, e desejo que todas as pragas do mundo se abatam sobre suas canetas!
Bezouro Suco!
Bezouro Suco!
Bezouro Suco!
AIHEUIAEHIUAHE!!!
Xau,brodi.
Continue escrevendo. MESMO.
Ps.: as investigações para descobrir onde é sua verdadeira casa estão indo bem. mwa-haha!!
Muahahahahahaah!!!
Taí uma pessoa (Daniel) que é divertida; não dá pra achar nem que engana ele. rsrs
Não chama o Bezouro Suco pelamordedeus.
Morro de medo dele.
HAUAHUAAHAAUAHUA!
E ainda por cima colocou a macumba da gaivota de mãe isteh no meio...
AVEMARIA...
Se eu não conseguir fazer minhas matriculas ja tenho quem culpar agora...
Ah, gostei do "mangá do sertão". XD
Abraços!
KRAK! Good dmais!!!!!
Narrativa ---------- 10
Vocabulário -------- 10
Personagens -------- 10
Enredo ------------- 20
Ala das Baianas ---- ... xP
Muito massa homi! PARABÉNS!!!
Adoro esses contos que começam calminhos depois dá aquela reviravolta (xD) e vira um suspense muito loko!!!! \o/
Já tou esperando o próximo viu... lixa/
Xeraum o/
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