
Sentada próxima à janela da cafeteria ela deixou que a mente vagasse para um lugar qualquer longe dali. Contemplando a rua lá fora tudo que via era um borrão de cores e lágrimas. Levou a xícara aos lábios e o líquido negro e amargo que lhe descia a garganta havia se tornado vidro.
Do outro lado da mesa ele prosseguia em seu monólogo inútil, parecendo não notar que a distância que os separava agora era maior do que jamais fôra. Ali, olhando pela janela, deixando que o cheiro do café a entorpecesse, a garota se deu conta de que aquele era o fim de uma história que nunca aconteceu.
You tell me you don't love me
Over a cup of coffee
And I just have to look away
Os sapatos largados pela sala e o telefone tocando sem resposta denunciavam o abandono da casa e de si mesma. Abrindo lentamente os olhos verdes ainda manchados pela maquiagem ela não teve coragem de se levantar. Na mão direita segurava um cigarro aceso, única fonte de luz do quarto. Não fumava, a fumaça era apenas o incenso que mantinha viva a lembrança e, tudo ali, que surtia efeito semelhante permanecia o mesmo. Presa naquele mundo intocado somente dentro dela algo se perdera.
Por dias vagou por todos os lugares onde ele poderia estar, estando em outros tantos aonde ele não ia, mas em que poderia ir. Procurando em faces alheias o rosto que desejava esquecer ela esqueceu-se de si mesma, pois já não importava mais aonde a levassem. As noites se tornaram mais longas que as manhãs a partir do momento em que o mundo parou de funcionar e seu coração deixou de bater.
E ali, deitada agora no chão do quarto, ela adormecia mais uma vez se perguntado o que dera errado. Percebia no instante seguinte que não queria saber a resposta. Abraçando a camisa amarrotada que havia sido deixada para trás seus olhos cansados se fechavam novamente enquanto a lembrança das últimas palavras ditas voltava a lhe assombrar. Um sorriso esperançoso que perguntava na escuridão daquele quarto:
- Ainda podemos ser amigos, certo?
Dilacerada por dentro e sentindo ainda o gosto amargo de café na boca ela ouvia sua própria voz responder:
- Claro
Claro que não.
So no, of course, we can't be friends
Not while I still feel like this
I guess I always knew the score
This is where our story ends
I smoke your brand of cigarettes
And pray that you might give me a call
I lie around on bed all day just staring at the walls
Hanging around bars at night wishing I had never been born
and give myself to anyone who wants to take me home
It took a cup of coffee
To prove that you don't love me.
Inspirado em fatos reais e na música Cup of Coffe da banda Garbage
11 comentários:
Dei-se me ter o prazer de ser a primeira a comentar essa obra magnífica...
Se o Daniel naum entrar na frente ahuahuaa...
Eu to um porre, segundo Daniel ahuauhaua...
E acho q o porre se espalhou por todo o ambiente qdo li isso...
Não sei se eh nostalgia
Ou se eh a apenas se colocar no lugar da personagem
Se tem algo pessoal nisso...
Prefiro naum pensar...
Mas Olga!
Parabéns...
E por favor, continue escrevendo...
´putz... ali eh deixe-me viu...
ahuauhahua...
* enxugando as lagrimas *
Eu tinha escrito um comentário grandão paca, mas quando fui lê-lo percebi que não havia dito nada além do que se podia encontrar lendo o texto. Não sei o que isso quer dizer, mas seja lá o que for, vc já disse.
Vidros.
Paredes.
Papéis de parede rasgados,
cacos de vidro espalhados.
Taças vazias.
Poeira. Quadros.
Cacos de taças vazias.
Quadros na parede,
nos papéis de parede
empoeirados.
Fogo,
Ecos, silêncio e dor.
O fogo queima.
As lágrimas caem.
As taças se molham.
A poeira se molha.
Tudo se molha.
O dia acaba.
E recomeça.
E acaba...
Você mantém a linha do seu texto anterior. Tive a sensação de que tudo ocorria no mesmo cenário. Gostei mais do seu texto anterior. Esse é rápido. Tenho a impressão de que ele foi censurado. Como se tivessem cortado os fatos reais que serviram de base, junto à música. Sentimentalmente falando, seu texto é vivo, não há surpresas, porque elas o deixariam artificial, claro, se tratando de um texto de caráter realista. Enfim, só o achei curto. Mas tá phoda, como sempre. Ah, poderia acabar com um pouco mais de impacto...
Tá bom. Chega! Acho que eu queria que ela tivesse o matado, pronto, falei.
^^'
Daia, obrigada pela ajuda na edição do texto e eu espero sinceramente que o texto não tenha deixado vc mais triste/de porre (pois foi isso que deu a entender pelo coment e me deu medo o_o)
Daniel me deixa no vacuo mais uma vez ¬¬
E Alisson se mostra um sensitivo acima da média *clap clap clap*. Na mosca meu véi, achei q n dava pra reparar mas esse coitado sofreu sim cortes drásticos.
Eu tbm queria que tivesse mais sangue, não se preocupe. HAIUHAIUAHIUAHIAUHAIUHAIA
HAUAHAUHA!
^^
Então, só pra esclarecer: o mesmo cenário com relação a seus dois contos. Neste último a mudança de cenário eh bem notável. Ok.
Falei já no msn.
=*
uahuhauhahuahuauhhua
*-*
Eu sou o Tsebayoth!
Não permitirei sangue neste sagrado recinto!
hunf!
vc é um miguezeiro (puxa, inventei uma palavra!) isso sim ¬¬
falso profeta :P
dinadaaa olguita!!!
* suando ainda *
foi fácil ahuahuauhauha
prazer ajudar! o>
* volta pro porre *
Pode estar certa... Quando eu começo a ler um texto e de repente meu sorriso aparece no canto direito da boca acompanhando o leve contrair dos labios, isso significa: "ela sabe escrever". E ler um texto bem escrito é como respirar uma tonelada de ar puro. Sou seu fã.
^
Imitão ¬¬
hunf
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