terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Paredes



As paredes, sim, as paredes...
Parecem colorir bem devagar
Enquanto os olhos cheios d'água contemplam
A beleza de cada caminhar
Enquanto o abraço fortalece
Enquanto o beijo aquece
E os corpos começam a se juntar
As paredes, sim, as paredes...
Parecem dissolver bem devagar
Já que não tem conversa momentânea
Nem mesmo pressa ou esperar
Só instante que passa estranho
Enquanto tudo se resume a calar
Perceber o ato ilícito
Perceber o corpo colado
Enquanto o amor consome breve
Enquanto os olhos estão fechados
Enquanto o rítimo é uma dança
E o sabor é forte e doce
As paredes, somente as paredes
Podem dizer o que ninguém mais vê
Todas as mãos que embaraçadas deslizam
Todas as palavras sem segredos que dizem
Todo o suor que desce sem medo
Toda a necessidade de concluir o desejo
Enquanto tudo, no quarto, entre as paredes
É saudade, é sensação
É amor, é precisão
Vontade de ter e ser
Enquanto o que acaba, recomeça
E pela manhã só resta a pressa
De vestir-se, ir e viver
Enquanto cada um toma seu rumo
Seus segredos mais profundos
Vão para sempre se esconder...
As paredes, sim, as paredes...
Somente elas vão saber.



. ♥ .

0 comentários: