quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Corporações

Conglomerados econômicos que agem sob um ou mais nomes em várias partes do mundo. Pessoas jurídicas sem um corpo físico, sem uma consciência. Entidades onipresentes que detém mais poder sobre nossas vidas do que nós mesmos, que se tornaram mais influentes do que os governos que um dia lutaram para decidir quem controlaria o mundo. Este mesmo mundo que hoje vendido parte a parte, a quem der o maior lance.

E como se sofrêssemos todos da Síndrome de Estolcomo passamos a amar essas empresas. Lidamos com elas todos os dias, ignoramos seu passado, suas ações e intenções em troca do que nos oferecem: prazer, felicidade, comodidade. Meros paliativos que ajudam o cidadão comum a sobreviver em meio ao inferno que as corporações ajudaram a criar. Somos escravos das necessidades que não temos e agradecemos por ter a liberdade de decidir a cor de nossas correntes.

Chega a ser difícil compreender como a situação chegou a esse ponto, como tudo aquilo que é vivo pode hoje pertencer legalmente a alguém, como os alimentos que deveriam garantir nossa sobrevivência acabam por nos matar silenciosamente, como é preciso lutar e morrer para ter o direito a beber água e como é possível reduzir pessoas a furos em um cartão para melhor contabilizar os gastos com suas mortes. É degradante, humilhante e vergonhoso. E talvez, pela primeira vez na história, não haja a quem culpar por isso. Não quando os responsáveis por estes atos não são seres humanos e sim corporações, marcas e prédios às quais financiamos direta ou indiretamente, às quais as regras não se aplicam.

Ainda que seja fácil vendar a todos através de uma eficiente e exaustiva propaganda em conjunto a uma imprensa habilmente manipulada não é aquilo que vemos ou deixamos de ver que define nossa parcela de culpa nesse sistema. Há coisas que todos sabem sem que ninguém lhes mostre. É impossível não notar que o planeta está morrendo, que a pobreza, ao contrário do lucro, jamais diminui. E por mais que sejam fatos difíceis de ignorar, há perguntas que muitos se recusam a fazer. Somos cegos, mas é o silêncio que faz de nós cúmplices.

Felizmente é possível ouvir gritos na multidão, gritos que ninguém pode cessar, que acabarão por acordar aqueles que ainda dormem. Tudo pode mudar porque corporações podem ser oniscientes e até mesmo onipresentes, mas não onipotentes, não são invencíveis. Tudo o que é sólido se desmancha no ar e, como diria outro grande homem, o mal só triunfa quando homens de bem nada fazem. Não é o caso, e, ao contrário do que dizem, este não é o começo do fim. Só o será se não acordamos a tempo.

3 comentários:

olga disse...

Faça um favor a si mesmo: http://enxugandoogelo.blogspot.com/2008/03/corporao-corporation-documentrio.html

Desde quando esse blog ficou tão politizado? oO

Anônimo disse...

Sou contra.

u_u

olga disse...

¬¬