
E como se sofrêssemos todos da Síndrome de Estolcomo passamos a amar essas empresas. Lidamos com elas todos os dias, ignoramos seu passado, suas ações e intenções em troca do que nos oferecem: prazer, felicidade, comodidade. Meros paliativos que ajudam o cidadão comum a sobreviver em meio ao inferno que as corporações ajudaram a criar. Somos escravos das necessidades que não temos e agradecemos por ter a liberdade de decidir a cor de nossas correntes.
Chega a ser difícil compreender como a situação chegou a esse ponto, como tudo aquilo que é vivo pode hoje pertencer legalmente a alguém, como os alimentos que deveriam garantir nossa sobrevivência acabam por nos matar silenciosamente, como é preciso lutar e morrer para ter o direito a beber água e como é possível reduzir pessoas a furos em um cartão para melhor contabilizar os gastos com suas mortes. É degradante, humilhante e vergonhoso. E talvez, pela primeira vez na história, não haja a quem culpar por isso. Não quando os responsáveis por estes atos não são seres humanos e sim corporações, marcas e prédios às quais financiamos direta ou indiretamente, às quais as regras não se aplicam.
Ainda que seja fácil vendar a todos através de uma eficiente e exaustiva propaganda em conjunto a uma imprensa habilmente manipulada não é aquilo que vemos ou deixamos de ver que define nossa parcela de culpa nesse sistema. Há coisas que todos sabem sem que ninguém lhes mostre. É impossível não notar que o planeta está morrendo, que a pobreza, ao contrário do lucro, jamais diminui. E por mais que sejam fatos difíceis de ignorar, há perguntas que muitos se recusam a fazer. Somos cegos, mas é o silêncio que faz de nós cúmplices.
Felizmente é possível ouvir gritos na multidão, gritos que ninguém pode cessar, que acabarão por acordar aqueles que ainda dormem. Tudo pode mudar porque corporações podem ser oniscientes e até mesmo onipresentes, mas não onipotentes, não são invencíveis. Tudo o que é sólido se desmancha no ar e, como diria outro grande homem, o mal só triunfa quando homens de bem nada fazem. Não é o caso, e, ao contrário do que dizem, este não é o começo do fim. Só o será se não acordamos a tempo.
3 comentários:
Faça um favor a si mesmo: http://enxugandoogelo.blogspot.com/2008/03/corporao-corporation-documentrio.html
Desde quando esse blog ficou tão politizado? oO
Sou contra.
u_u
¬¬
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