quarta-feira, 22 de outubro de 2008

(OBS)


.
Me pediram para eu me encarar no espelho
Ela estava do outro lado da rua
Ele não me notava, não mais em mais um momento
E ele ali, não quer mais ser pai

E eu observo meu reflexo passar na vitrine da loja
Enquanto o carro se choca contra o ônibus, no semáforo
Enquanto a dor aumenta e diminui seguidamente
Enquanto o tempo passa, compassada mente

Alguns erros graves acho que já corrigi
E quando olho aqueles olhos juro que quase consigo chorar
Não sei onde é a porta nem onde estão as chaves
Acho que hoje ainda não sorri

Enquanto a cidade dorme, eu me detenho
Me pego cantando, de olhos bem abertos
O mesmo segredo que revelo no espelho
Que um dia, alguém me pediu para olhar

O mesmo lugar que me fizeram acreditar
Que haveria alguém me esperando
No reflexo do meu corpo, bem no fundo de meus olhos
Talvez existiria um fundo de esperança, algo vibrando

Enquanto ele fala, eu penso
E ela quem sabe, o que fará
E ele, outro e outro, e novamente, quem são
Formam o circulo de algo que me tornará

Na minha mente só existem algumas palavras
Que eu sei, posso nunca pronunciar
Mas elas esperam que aqueles ouvidos se inclinem
Junto com o espelho, com o mesmo olhar.

Quem sabe quem são...
Quem sabe o que é...
Eu juro que não sei onde é a porta..
Somente tão distante quanto minha cabeça de meu pé

Suficiente para se perder no caminho
Suficiente para não conseguir caminhar.
Suficiente para somente olhar o espelho
Que há tempos tento encarar...
.

0 comentários: