
Não sei se sei dizer sobre elas...
E já falei sobre a colônia. Já falei a respeito da ÁRVORE. Ela estava lá o tempo todo junto à família que por tanto tempo me acolheu embora hoje não sei bem onde estão e juro, alguns nem mesmo sei quem são - porque o tempo passa e com ele as pessoas mudam.
Ao lado dessa árvore, onde a colônia se findava começava o CAMINHO. Você poderia forçar a vista tentando encontrar qualquer sinal de vida dali, mas o horizonte daquele lado era apenas o azul do céu e o chão de areia branca, que mais ao longe misturava-se à terra e grama seca.
Em contraste com a fileira de árvores e além delas continuava, bem ao fundo, um canavial fazia barulho ao balançar com o vento - e era ali que morava o Lobisomen.
Aquele caminho sempre me chamou a atenção. Pouquíssimos carros passavam pela colônia preservando claro, o típico ambiente calmo da vida rural. E mais raras vezes ainda, vi algum carro vindo daquela direção, aquele caminho para mim tão misterioso. Por vezes, fechando o olho contra o sol forte, encarei aquela estrada aparentemente sem fim me convencendo a seguir em frente - e até segui, não indo muito longe - já que pensava em minha mãe que dentro da casa colonial da vovó poderia se preocupar. Então, eu sempre voltava.
Até hoje não sei o que existe além daquele horizonte, das linhas que meus olhos alcançavam e permanceço ainda com a louca vontade de seguir em frente naquele caminho desconhecido. Acabo de ouvir que ali há um rio, bem à frente, mas saber disso não me satisfaz - não dessa forma. Ainda preciso sentir meus pés tocando a areia e caminhar até que eu contemple o tão imaginado final do caminho.
E lá atrás de tudo tinha um MORRO, e eu realmente me emociono ao lembrar dele. Quilômetros antes de chegar na colônia ele se apresentava magestoso. Uma pista reta parecia desejá-lo e ser engolida por ele aos poucos e ele vivia me convidando a entrar em meio às tantas árvores ali existentes. Se fixasse os olhos nele, o carro que ainda corria na pista reta parecia saltar e alçar vôo em direção ao morro.
E do lado esquerdo ficava a entrada da colônia, bem próximo àquele monumento criado por Deus, que sempre me fascinou.
Isso está parecendo minha auto-biografia, mas não é. São apenas lembranças desorganizadas e fragmentadas que num repente tomaram forma em minha mente.
Longe dali da colônia, onde muitas coisas ficaram abandonadas no tempo, porém jamais esquecidas, já dentro da minha pequena cidade, há uma coisa que sempre me enlouqueceu: a LINHA DO TREM e o próprio TREM. O trem era mais difícil ser visto pois sempre estava de passagem, já os trilhos permanecem lá - pertinho da prefeitura.
Indo para a colônia, passava-se por lá e foi nessa ocasião talvez que tive meu primeiro contato com tal coisa. Não sei afirmar de qual forma ela mais me atrai: se eu na direção de sua linha tentando imaginar de onde vem e para aonde vai ou se contra eles, atravessando, sentindo sempre o coração bater mais forte em pensar no que aconteceria se o trem passasse no momento: Correria? Não correria? Morreria?
Mas isso nunca me impediu de querer desafiar a linha e o trem e permanecer ali até que o perigo iminente me jogasse para longe. Acho que por sorte isso nunca passou de desejo.
As pessoas adoram filas e consequêntemente são fascinadas por listas.
Estou evitando listar... As melhores coisas da minha vida...
( continua... )
2 comentários:
Lembrou-me um livro que li faz um tempo: Os meninos e o trem de ferro... Muito bonito.
Bom, suas lembranças são tão reais nessas linhas que parecem que foram vividas ontem, ou hoje à tarde... Ou até mesmo por mim.
Isso é bom de se ler.
E acho que de escrever também.
Continue!
=D
aheuahueueueuhaeuh
Ta legal paca. Acho que vou escrever também.
Ei Daia, tu tem negoço com listas e com filas.. engraçado: eu faço rankings em todos os aspectos da minha vida. Não consigo evitar. Tudo tem que ter o 1º, o 2º melhor...etc.
Não consigo aceitar que hajam espaços únicos reservados reservados para cada coisa. Imagino que umas fazem as outras sucumbirem, e depois vem outra melhor, e depois outra, e nunca para.
Você também. Você faz eu refazer meu ranking o tempo inteiro. Mesmo que vc seja meu presente, acho que to começando a aceitar a idéia de ter que te reservar um lugar de destaque entre as minhas melhores lembranças.
Estávamos, Alisson e Eu, falando hoje sobre como vc se aprofunda na realidade. Acho que a realidade não se aplica ao seu mundo. Ele é palpável e ao mesmo tempo abstrato.
Eu Vejo as coisas acontecendo, com todo o seu bucolismo característico, mas, entre uma cena e outra, eis que me surge um papa-léguas, ou um perna-longas. Doidera. =D
Xau.
Postar um comentário